Armaduras e o controle do Estado

Quando se fala em armaduras logo vem a mente a época medieval com cavaleiros e suas couraças brilhantes, mas as blindagens pessoais começaram a ser usadas muito antes disso e estão longe de serem abandonadas, Nesta postagem falaremos um pouco sobre este importante recurso de proteção para quem espera enfrentar problemas.

Resistir ao impacto direto de uma munição calibre 7,62 disparada de um Fuzil Ak 47 não é algo tão difícil de conseguir, Basta colocar uma placa de aço balístico no caminho, é isso que fazem a maioria dos soldados ao redor do mundo quando usam seus coletes balísticos.

Capacetes de Kevlar, placas de aramida e cerâmica, óculos de policarbonato, perneiras e joelheiras de fibra de carbono, carbon 10 e os mais variados tipos de aço ultra resistentes são o que há de mais atual na categoria de armaduras pessoais.

O que poucos percebem é que as armaduras estão mais presentes e perto de você do que se pode imaginar, afinal, o que classificamos hoje como EPI nada mais é que uma gama de proteções e barreiras corporais para evitar danos.

Homens das cavernas já colocavam peças extra de peles de animais para caçadas, tribos primitivas confeccionavam vestes de madeira, couro e bambu para guerras. Povos mais evoluídos criavam peças de couro endurecido, cobre, prata, aço.

Pesadas armaduras chamadas de “cota de malha” permeavam os campos de batalha medievais. vestida sobre um pesado casaco de couro e peles esta armadura impedia cortes, pancadas e a maioria dos efeitos letais das armas da época.

Mas armaduras fortes automaticamente geram armas mais fortes.
Houve um tempo que uma adaga afiada e um arco com flechas de pontas recozidas num campo de batalha medieval eram armas de um suicida, para vencer as armaduras criaram pesadas espadas, maças, martelos e picaretas de combate, flechas com ponteiras de aço bom e toda diabrura que faz muito estrago.

E assim se escreveu a história, vieram as armaduras de placa de aço e com elas armas mais atrozes, para sobrepujar as placas de aço na segunda guerra, gás, fogo, granadas de fragmentação e a eterna batalha entre escudo e espada continua.

É muito curioso notar como a grande maioria das pessoas está mais preocupada com armas do que com proteção atualmente. Eu sei o que você pensou. É muito mais discreto e lógico portar uma arma que um colete balístico, que via de regra não é nada dissimulado. Nos tempos antigos e até hoje pouca coisa mudou em termos de transporte, antigamente os infantes pesados exigiam um cavalo, ou transporte em carroças e bigas, hoje em dia os usuários das armaduras pesadas seguem o mesmo padrão, entram em cena na hora mais escura da batalha somente, é o caso de equipes táticas, tropas de choque, infantarias pesadas. O peso desta blindagem pessoal continua sendo um agravante, e mesmo as modernas chegam a pesar 30 kg, um fardo grande para se carregar o dia todo.

Vamos analisar a nossa situação como sobrevivencialistas e preparadores então, forças de segurança pública, cujo trabalho é estar sob risco eminente de combate adotam a proteção, este é um dos EPI dos combatentes, logo a profissão e os possíveis eventos de risco justificam a armadura, pensando em um evento onde a ordem publica seja rompida e as forças de segurança estejam dispersas ou engajadas em combates, como uma guerra por exemplo ou revolta civil, que o cidadão tem o dever de estar em alerta para proteger sua família, porque não começar a pensar de forma mais ampla, e além de pilhas de armas e munições também adotar a blindagem pessoal?

Em um cenário de crise, ou em situações que o sobrevivencialista tenha tempo de se preparar, Uma armadura é uma vantagem enorme contra saqueadores e invasores.

Agora vem a parte dolorida. Escudos e armaduras são produtocontrolados. Isso mesmo, você não pode simplesmente sair e comprar um colete balístico para se proteger. Na verdade, todo tipo de blindagem é restrita, seja pessoal, em objetos e imóveis. Este tipo de produto é controlado pelo exército e requer um monte de autorizações.

Eu realmente não entendo o que há por trás disso, exceto o estado exercer controle absoluto sobre a vida e a morte do cidadão, privando-o do direito de defesa ou colocando-o em desvantagem, como faz com as armas atualmente. O sujeito usa isso para não morrer, ou melhor, tentar proteger órgãos vitais, pra que mais isso serve?

Enfim, auto didatas podem adquirir todos os componentes para formar uma armadura com facilidade na internet, as capas são vendidas livremente, inclusive em padrões camuflados, peças de fibra de carbono, joelheiras, cotoveleiras, perneiras e botas são vendidas livremente, mantas de Aramida e Kevlar também, inclusive em redes de lojas de materiais de construção.

Policarbonato e aço são carne de vaca, uma placa de aço balístico auto abrasivo virgem, ( 1080 cr/tg ou superior) custa em média 12 reais o quilo.

Quem quer faz, e isso prova que o controle é descabido e infundado, seria muito mais inteligente o estado liberar proteções balísticas “conhecidas”, do que se deparar com projetos de blindagem que podem ser superiores inclusive ao usado pelo próprio exército para proteger seus soldados.
Cabe lembrar que possuir ou portar um colete balístico (controlado) sem os papéis é crime inafiançável.

E você, já pensou em adquirir peças de proteção pessoal? Qual caminho seguiu?

Abraços.

PS.: Esta postagem não é pra motivar ninguém a produzir peças balísticas sem autorização, trata apenas de aspectos lógicos para cenários de crise, tal discussão é atuação corriqueira no cenário sobrevivencialista.

PS2.: Você encontra capas de colete balístico em lojas de produtos táticos, Joelheiras, perneiras e outras peças idem. Mantas de Kevlar são vendidas em lojas de produtos para construção e boas casas de pintura e são usadas para fabricação de fibras resinadas, “aço balístico” é encontrado em lojas de material para serralheria ou distribuidores para indústria todas as especificações de qualidade, espessura, tramas de fios e materiais estão disponíveis na internet, inclusive existe padronização.

Publicado originalmente em nossa coluna de sobrevivencialismo no www.defesa.org .

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