Esqueça as famosas latas e pratos prontos vendidos no mercado, embora cheios de vantagens, nunca irão se comparar ao bom e velho feijão gordo cozido com miúdos em termos de paladar. Nesta postagem vamos esmiuçar a história e os ingredientes deste tradicional prato brasileiro e ver se podemos aprender algumas coisas legais com ele.
Vou começar de cara com uma receita básica de feijoada, assim vemos todos os ingredientes e podemos ter uma visão mais ampla:
- 1 Kg de feijão preto
- 100 g de carne seca
- 70 g de orelha de porco salgada
- 70 g de rabo de porco salgado
- 70 g de pé de porco salgado
- 100 g de costelinha de porco salgado
- 50 g de lombo de porco salgado
- 100 g de paio
- 150 g de linguiça portuguesa ou defumada
Tempero:
- 2 cebolas grandes picadinhas
- 1 maço de cebolinha verde picadinha
- 3 folhas de louro
- 6 dentes de alho
- Pimenta do reino a gosto
- 1 ou 2 laranjas
- Sal se precisar
Já perceberam que todos os itens deste delicioso prato típico brasileiro são itens de longa duração?
E mais, louro, alho, pimenta, sal, todos são temperos que emprestam suas propriedades anti bactericidas para o prato?
Ao depurarmos a história da feijoada, uma simples e básica leitura já nos oferece uma visão enorme, onde até a fábula de sua história nos dá algo para ser usado, repare na rotina alimentar dos escravos descrita brevemente no wikipedia:
“A explicação popular mais difundida sobre a origem da feijoada é a de que os senhores – das fazendas de café, das minas de ouro e dos engenhos de açúcar – forneciam aos escravos os “restos” dos porcos, quando estes eram carneados. O cozimento desses ingredientes, com feijão e água, teria feito nascer a receita. Tal versão, contudo, não se sustenta, seja na tradição culinária, seja na mais leve pesquisa histórica. Segundo Carlos Augusto Ditadi, especialista em assuntos culturais e historiador do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, em artigo publicado na revista Gula, de maio de 1998, essa alegada origem da feijoada não passa de lenda contemporânea, nascida do folclore moderno, numa visão romanceada das relações sociais e culturais da escravidão no Brasil.
O padrão alimentar do escravo não difere fundamentalmente no Brasil do século XVIII. Continuava tendo como base a farinha de mandioca ou de milho feita com água e mais alguns complementos, ou seja, o que fora estabelecido desde os primórdios. A sociedade escravista do Brasil, no século XVIII e parte do XIX, foi constantemente assolada pela escassez e carestia dos alimentos básicos, em decorrência da monocultura, da dedicação exclusiva à mineração e do regime de trabalho escravo, não sendo raros os óbitos por alimentação deficiente, incluindo a morte dos próprios senhores.
O escravo não podia ser simplesmente maltratado, pois custava caro e era a base da economia. Devia comer três vezes ao dia. Geralmente almoçava às 8 horas da manhã, jantava à 1 hora da tarde e ceava por volta de 8 ou 9 horas da noite. Nas referências históricas sobre o cardápio dos escravos, constatamos a presença inequívoca do angu de fubá de milho, ou de farinha de mandioca, além do feijão temperado com sal e gordura, servido muito ralo e a ocasional aparição de algum pedaço de carne de vaca ou de porco. Alguma laranja colhida do pé complementava o resto, o que evitava o escorbuto. Às vezes, em final de boa colheita de café, o capataz da fazenda podia até dar um porco inteiro aos escravos. Mas isso era exceção. Não existe nenhuma referência histórica reconhecida a respeito de uma humilde e pobre feijoada, elaborada no interior da maioria das tristes e famélicas senzalas.”
Pois bem, pedaços de carne cozidos com grãos não foi uma invenção nossa, em muitas partes do planeta diversos tipos de cassoulet são contemporâneos e existem registros de receitas medievais com este mesmo formato de preparo.
Ainda hoje as farofas acompanham o prato, uma união curiosa de outro gênero de grande durabilidade, sem falar no clássico arroz. E o que dizer da tal laranja ainda presente nas “completas” efeito da lenda dos escravos?
Notem sobrevivencialistas, examinando uma simples receita podemos extrair muito material de trabalho nas nossas preparações, descobrimos o que comiam os escravos para manter a força de trabalho durante o dia, percebemos a presença constante de algumas vitaminas complementares, como a laranja. Também nos deparamos com a ancestral carne salgada e as linguiças defumadas que duram muito tempo, fora o indispensável arroz e feijão.
Agora é com vocês, dessalinize a carne e cozinhe um pouco, junte o feijão e os temperos e cozinhe mais. Faça um bom arroz e refogue uma couve de sua horta pra acompanhar. Neste meio tempo comente no blog e dê a sua opinião, feijoada é ou não é uma comida sobrevivencialista?
Abraços
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Essa sem dúvida é uma comida de sobrevivêncialista pense numa comida pra dar força, gostosa e não da muito trabalho pra fazer!!!
Comprei o Liceo Guia do Sobrevivência Alimentação, ja paguei o Boleto , qual o próximo passo além de aguardar? ? ?
Livro. . .
Olá, você irá receber um email da Hotmart com o link para o download.
Já comi muito das comidas elatadas e pratos prontos mas não se comparam ao feijão gordo
Excelente material . Mais uma vez.😁
Eu já não dispensava uma boa feijuca. Agora mais um bom notivo para aprecia la
Abraço amigo
Prato excelente e indispensável na mesa brasileira ainda mais de um sobrevivencialistas
Eeeeeita! Fome agora bateu no Teto! Bom Trabalho!
Não apenas esta iguaria da nossa cultura pode ser considerada como comida de sobrevivência, pode adicionar aí também o arroz carreteiro e o feijão tropeiro pelo menos.