Shelter in place – Abrigo no local
Neste post falaremos sobre os fundamentos do S.I.P. – Shelter In Place ou “Abrigo no Local” e sua relação estrita com o EDC (Every Day Carry) e o Kit 72 horas para emergências. Via de regra, este é o evento relacionado ao sobrevivencialismo com mais chances de ocorrer segundo estudos recentes.
O QUE É SIP E COMO FUNCIONA
SIP, originalmente foi um sistema desenvolvido para montagem de abrigos locais para civis “selando” a interferência externa, isolando as ameaças, muito associado a riscos biológicos, químicos, nucleares e radiológicos que afetem diretamente a respiração. Basicamente trata de impor uma barreira entre o indivíduo e a ameaça.
Testado por inúmeras agencias governamentais de vários países, o sistema oferece proteção de 2 a 6 vezes melhor do que simplesmente manter-se em um local fechado.
Entretanto, fatores do cotidiano começaram a afetar o uso da sigla, pessoas começaram a ser orientadas a buscar “Shelter In Place”em outras condições de perigo, isso fez com que a nomenclatura do procedimento ganhasse novos ares e centenas de interpretações o que não ajuda muito na busca por informações, mas a base continua a mesma, que é manter o perigo fora de onde você está, um bom exemplo é buscar shelter in place durante um atentado ou quando um atirador resolve fazer uma matança. “Maluco homicida a solta, fiquem em casa e tranquem os acessos, evitem sair pras ruas e mantenham distância de portas e janelas.” Neste caso o SIP ganha uma clara conotação de bloqueio ou fortificação do local, improvisado ou não.
O termo não é só usado em riscos “respiráveis” ou de violência, muitas vezes aparece também associado a eventos climáticos e desastres como tempestades, tornados e terremotos, referindo se a locais seguros para se sobreviver a estes eventos, o que leva diretamente a ligação com kits de 72 horas.
Há ainda uma outra vertente, muito mais complexa que usa esta terminologia e que possivelmente vai aparecer em qualquer busca pelo tema, a tática/militar. Esta ramificação vai desde o operador equipar uma máscara de gás para o emprego de armas químicas comuns como gás lacrimogênio até o completo bloqueio de navios e maquinas de guerra contra armas químicas, biológicas/nucleares. Creio, um pouco fora da realidade civil para receber maiores atenções aqui.
POP para SIP !!
Procedimento Operacional Padrão para Shelter In Place Woww! Parece até coisa de filme mas é extremamente simples de entender.
“Em caso de tornado corra para o porão”- resistente a desabamentos e escombros.
“Em caso de risco químico ou biológico, corra para o quarto”- Fácil de lacrar e isolar.
“Em caso de tiroteio vá para o segundo andar no centro da casa e abrigue-se” – proteção contra balas perdidas.
Parece muita paranoia mas não é, quem vive em áreas atingidas por criminalidade, desastres ou até em um simples prédio de apartamento já viu isso em algum momento, afinal, listas de procedimentos operacionais padronizados são usados em incêndios, empresas e até caminhões que transportam cargas perigosas. Basta entrar em um mercado, bar, loja e ver a placa sinalizando a saída de emergência, isso é um POP, acontece que a maioria das pessoas que moram em casas comuns e individuais simplesmente ignoram isso. O que pode ser um erro fatal.
IMPROVISANDO ABRIGOS
Você vai ter mais trabalho para um SIP de bloqueio do que para um de proteção química e todos possuem níveis diferentes de proteção que vão de um simples quarto fortificado até um bunker, mas vamos nos ater ao simples e improvisado abrigo químico/biológico que é o que a maioria das pessoas vai poder fazer.
O isolamento inicial deve ser feito com plástico e fita adesiva, TODAS as passagens de ar devem ser lacradas formando literalmente uma bolha. Isso inclui janelas, portas, fechaduras, privadas, ralos e até rachaduras e junções nas paredes de forma que nenhuma partícula nociva entre. Este SIP padrão oferece proteção por 3 horas, tempo que 4 adultos podem ficar respirando o mesmo ar sem problemas, a partir deste ponto o CO2 começa a criar problemas e o ar precisa ser renovado.
Lembrando que, 3 horas só respirando, qualquer tipo de incremento de uso do oxigênio do abrigo, como cozinhar, acender um simples cigarro ou um aquecedor aumentará o consumo, até atividade física mais extrema pode abreviar isso.
O ponto crítico de qualquer abrigo deste tipo é a renovação de ar que deve ser feita através de filtros, após 3 horas o CO2 começa a causar sintomas, como dores de cabeça, tonturas e sonolência.
O filtro inicial mais fácil de se fazer, e menos eficiente, são toalhas molhadas que devem ser instaladas no pé das portas.
Muitas partículas maiores vão ser barradas por este recurso, uma delas o esporo do ANTRAX, e alguns gases padrão de uso em armas químicas, já que não foram projetados para descerem ao solo.
Sempre haverá risco ao montar o sistema de renovação, logo, uma das indicações é posicionar camadas de filtragem para aumentar chances de sobrevivência, se vai montar seu abrigo principal em um quarto, preencha toda a casa com isolamento e algum elemento filtrante para impor mais barreiras as partículas, um último recurso, talvez disponível, é montar um captador de oxigênio usando filtros de água e uma mangueira, não é o ideal, apresenta falhas mas é muito melhor que nada.
PREPARADORES E SOBREVIVENCIALISTAS
Se você tem uma safe room ou quarto do panico, já tem um sistema para proteção anti violência e será muito inteligente manter também um procedimento padrão para criar ar puro lá dentro.
Inicialmente são necessários os recursos para lacrar o ambiente, lonas plásticas e fitas adesivas potentes, entre as melhores estão a clássica silver tape, entretanto não é a melhor, a fita dupla face se mostrou mais eficaz, principalmente as que apresentam um corpo mais grosso que 1 mm.
Não pense, o investimento para uma máscara de proteção a gases tóxicos hoje Maio de 2016 é de R$80 em lojas de EPI, contando uma máscara semi facial e filtros 3M (Air Safety) de uso profissional, melhor que isso só equipamentos com abastecimento por galões de oxigênio.
A máscara garante horas de segurança, evasão do local ou resistência a ataques pontuais, como gás lacrimogênio, fumaça, esporos e pó e pode ser associada a roupas impermeáveis, máscaras faciais, capacetes, vestes táticas como colete balístico e jaquetas de bombeiro.
Se o objeto de proteção da safe room for ambiental, recursos como bombas elétricas e manuais e filtros em escala industrial devem ser estudados, mas fogem do escopo de preparação básica e SIP que é a intenção deste post, mas que valem uma postagem a seguir.
QUEM DEVE SE CONHECER A ROTINA BÁSICA PARA UM SHELTER IN PLACE
TODOS! Alguns mais que outros.
Moradores de áreas de risco químico, onde empresas dividem espaço com casas residenciais- Fora do Brasil, há obrigação para que estas empresas prestem treinamento e assessórios de sobrevivência para comunidade próxima, um exemplo é o ocorrido no Japão no caso do acidente em Fukushima, o exemplo negativo é Mariana MG, onde além do tsunami de lama, agentes químicos devastaram a cidade.
Áreas de alto risco biológico – Quem vive próximo a hospitais, laboratórios, postos de saúde. Em caso de epidemias haverá uma aglomeração enorme de pessoas e com isso inúmeras falhas de higiene e segurança de procedimentos, todos os anos profissionais de saúde altamente treinados cometem erros sacros na manipulação e descarte de agentes biológicos, sob stress este fator é potencializado e pode desencadear um risco biológico elevado que pode levar horas a ser contido.
Incêndios – Em 2015 um incêndio em alguns contêineres de material químico comprometeu toda uma cidade no paraná, a fumaça tóxica levada pelo vento obrigou os moradores a se protegerem ou evacuar a área, o mesmo ocorreu com os moradores próximos a boate Kiss em Sta Maria RS, a fumaça gerada ela queima do isopor de isolamento além de centenas de mortes no local, afetou também a vizinhança por alguns quarteirões.
Estradas – O Brasil detém recordes em acidentes envolvendo cargas químicas ou extremamente perigosas. São caminhões, vagões de trem e contêineres cruzando as cidades sem nenhum controle, proteção ou até um simples aviso a população. São tantos acidentes que sequer podem ser listados.
Nuclear/radiológico – Não me parece que existam muitas nações querendo explodir bombas atômicas em nossas cidades no momento, mas grandes eventos como Olimpíadas trazem consigo o risco de terrorismo. Fora os inimigos, nós mesmos nos matamos. Em Goiânia 1987, o caso envolvendo o Césio 137 é um verdadeiro Show de horror até hoje, com direito a ocultação e informações, conspiração do governo e o clássico descaso brasileiro, o absurdo foi digno de algumas notas, onde uma garota até comeu o pó radioativo com ovo cozido. Em 2014 um carro da Agencia Nacional Atômica foi roubado por um bandido comum e cruzou livremente a capital do Rio de Janeiro carregado de material radioativo. Calma fica pior, muito pior, o Brasil também é recordista em materiais médicos abandonados e não só em grandes hospitais, são clinicas, veterinários, dentistas, centros particulares de exames e diagnósticos com vasta aparelhagem radioativa literalmente sem segurança ou proteção nenhuma, exatamente como aconteceu em Goiânia, onde uma clinica abandonada ofereceu o Césio 137.
Mosquitos – Em uma escala menor, e menos radical temos os mosquitos transmissores de doenças, o filtro no caso são telas, repelentes e pesticidas. O fumaçê, acusado de ser um dos causadores da microcefalia, embora talvez inocente deste aspecto é lançado a esmo, invade as casas, impregna frutas, comidas, cobertas, reservatórios de água, pessoas sem critério algum. Veneno é veneno.
Epidemias – Sete das grandes nos últimos 2 anos, de H1N1 a EBOLA, teve Tifo, Sarampo, Peste negra na Ásia, Cólera na Africa e a Malária já clássica e ainda sem vacina efetiva. A varíola erradicada existe em mais laboratórios do que deveria, o estudo de seu uso como arma é registrado por vários países e doenças extintas e controladas podem surgir do nada, ou quase, como a tuberculose ou o caso da Difteria na Europa oriental que matou 25 mil pessoas em um surto anos atrás.
EXTREMISMO
Calma lá, se você descobriu o conceito agora não precisa se desesperar e começar a cavar o quintal para construir um bunker hermeticamente fechado, sem extremismos por favor.
Comece com calma, avaliando as probabilidades e as adaptações que pode fazer imaginando um cenário possível, estude mais e faça preparativos básicos, como manter alguns metros lineares de uma barata lona plástica e alguns rolos de fita. Nada caro ou oneroso.
Uma boa pedida são as máscaras de EPI, vale também um estudo pois existem vários níveis de filtragem e módulos diferentes, voltados a itens específicos, como gases, poeira, químicos e biológicos, segurança total e aleatória somente com suprimento de ar e um bom investimento.
Filtros de ar poderosos são acessíveis, e enormes, e muitos vão precisar de fortes bombas para operar, quanto mais barreira, mais força, uma lógica cruel, os mais básicos que podem ser improvisados são os automotivos, de cabine, ar condicionado e até o de gases, que podem ser montados em série e combinados com carvão ativado e filtros de água a base de Prata e outros elementos filtrantes, sim, filtra água e ar, embora óbvio nada seja 100% seguro… NADA.
Em uma próxima postagem do tema falaremos de descontaminação, montagem de sistemas mais complexos de sobrevivência em abrigos a relação com os kits e preparações, pressão negativa e positiva, cortinas de ar e outros paranauês, para o S.I.P esta postagem já foi bem longe e fornecendo grandes focos de pesquisa.
Você sabe o quanto sua opinião é importante né?, Corrigindo erros e falhas, acrescentando dados técnicos que estão além do conhecimento deste cozinheiro aqui e compartilhando impressões que vão ajudar muita gente que busca esta informação na internet, geralmente em horas difíceis, não se acanhe,manifeste-se!
Abraços.
Faz um passo a passo, de como construir um filtro de ar a manivela para o bunker.
boa tarde, faz um passp a passo de como construr ,ou onde comprar , um filtro de ar para bunker . GRATA
Parabéns pela matéria. Explicar os tipos de filtros/mascaras existentes no mercados seria interessante, pois acho eu que seria o mais simples de ter em casa.