Quando é hora de dar o primeiro passo

Viajando no tempo.

Eu entendo a poesia da vida simples, de precisar de pouco, do minimalismo, difícil é dar esse passo.

Quando falamos de viver off Grid e sobrevivencialismo, muitos desconsideram o presente e o futuro e só olham para o passado. Erro crasso.

Não é mais possível viver sem tecnologia moderna. A tecnologia não é só a energia elétrica e suas bençãos, falamos de química, biologia, engenharia, enfim todo o conhecimento humano.

Mesmo isolado, vai receber água com cargas de químicos que simplesmente não existiam em 1800, seu animais pegarão bactérias e vírus, doenças que não existiam tempos atrás, os invasores terão armas e recursos tecnológicos nas mãos que tornam os paus e pedras da defesa obsoletos. O MUNDO usa recursos tecnológicos e a perspectiva de se tornar uma ilha, um forte isolado que ignora esse fato é fracasso na certa.

Para os sobrevivencialistas, se hoje o mundo parasse totalmente e literalmente, se tivesse que viver uma vida sem mais ninguém a sua volta pra lhe ajudar com conhecimento, ferramentas e tecnologia, ainda assim seus conhecimentos, experiências e o simples fato de estar vivo nesta época te tornam muito mais apto a sobreviver que o homem medieval, pelo simples fato de já ter assimilado a vida desta época.
Viver fora da rede, atualmente é um conceito mais amplo do que só plantar comida e tratar água, embora isso ainda tenha mudado bem pouco, tem muito, muito mais envolvido.

Para se ter uma ideia simples, o simples ato de “sumir” do radar social jé é complicado, uma pessoa tem de fato uma série de leis e regras a cumprir, não dá pra cancelar o cpf ou usar uma área de terra e água sem documentos, impostos, dinheiro, podemos sim minimizar estes efeitos, mas não fugirmos dele. Ora, até índios isolados tem registro e alguém tem que ficar sabendo se um deles morrer lá nos confins da reserva.


Viver fora da rede atualmente, exige que você molde essa rede, isso implica diretamente em manipular o jogo todo a seu favor, significa manter se em perfil baixo, camuflado no sistema, navegando pelas brechas.

Queremos internet, trocar informação, energia elétrica e confortos que vem disso, queremos tecnologia para nos defendermos, queremos investir certo nosso dinheiro pensando num futuro menos dependente da rede.

Em 1960/70 , os anos de ouro dos grandes escritores e pensadores do homesteading, os “colonos modernos” ou “novos colonos” mal haviam geladeiras nas casas, pessoas morriam aos montes por não encontrarem penicilina ( que já existia) e cozinhar e dormir exigia pelos menos 6 horas de trabalho no machado pro fogão e para aquecer a casa, hoje uma motossera faz isso em minutos, se for o caso de usar lenha.

Acredite, Jõao Saymour não colocou placas solares em seu aclamado livro, porque elas não existiam em seu tempo.

Nota, sobrevivencialistas não tem obrigação nenhuma com conceitos poéticos e filosóficos, jogam o jogo pegando o melhor de cada aspecto, usamos o conhecimento da permacultura para produzir, mas não abraçamos árvores, produzimos o que é importante, armazenamos de fora o que for vantajoso em nosso sistema. Usamos tecnologia para combater tecnologia e garantir nosso sistema.

Nós sobrevivencialistas não viajamos no tempo, a menos que os meios primitivos ainda sejam vantajosos.

Fiquem seguros!

Batata

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